"Incluída" na Exclusão



Após ler o artigo “Inclusão Digital: Ambiguidade em Curso”, tento como autores Maria Helena SilveiraBonilla e Paulo Cezar Souza de Oliveira venho em minha mente fragmentos que ocorreu durante minha adolescência interligada com a tecnologia. Nisso recordei de vários momentos, fatores e foram surgindo questionamentos, sobre o que é realmente a inclusão de digital.

Meu primeiro contato com um computador foi em 2003 na empresa Inter News , ainda adolescente fui fazer um curso de informática, me sentia feliz, pois dificilmente alguém lá da rua tinha condição de fazer o tal curso e nem eu tinha, quem pagou foi um namorado da época meu pai não teria condição de pagar já que tinha que alimentar oito bocas. O curso além de ser um pouco caro foi o básico do básico (eu tinha em mente que tinha um curso com internet)  um pacote que incluía Windows 2003, Word, Excel, digitação foram três meses criando textos no Word, calculo básico no Excel e muitas digitações para não cata milho,  até então tinha em mente que tinha feito algo a mais, após a leitura venho o desejo de buscar os certificados e ver quais “programas” aprendi e a curiosidade de ver quais foram meus primeiros contatos com a tecnologia revolucionaria, porém  percebi que não aprendi nada com nada e o pior não tive acesso à internet no primeiro curso que nem nome tinha (informática básica, intermediaria ou avançada) era o pacote mais pobrezinho que tinha na empresa na época. Abaixo certificado do curso.

Após três anos entrei num curso oferecido pela AVANTE junto com o Ministério do trabalho que oferecia um curso em espaço não formal (no meu caso o curso foi realizado no Terreiro de CandombléOXUMARE, localizado na Vasco da Gama e hoje patrimônio da cidade. O curso era de Técnica de Vendas e atendimento ao público o pacote do curso ofereceu apoio ao desempenho escolar, inclusão digital, equidade, oficinas-especifica e serviço voluntario mais o que me levou a escreve esta crônica narrativa foi a inclusão de digital que nunca foi inclusão a partir da leitura do referido texto.


Neste curso era dado aula sobre o Word onde mais uma vez tinha que ser feito vários textos, o uso do Excel que abordava a soma  e subtração e como usar a calculadora do computador, lembro que foi a primeira vez que fiz meu e-mail com a ajuda do professor, mais lá era tudo limitado, só tive oportunidade de acessar a internet para criar o endereço eletrônico e mandar correspondência eletrônica  para os próprios colegas da  classe e receber orientações do curso, o que era ensinado era direcionado a um só objetivo que era ensina aos jovens os “macetes” direcionados ao curso ali ofertado e nisso ficamos uns dois meses. 


O curso era administrado no Liceu de Artes e Ofícios   que era uma escola de informática de “referencia” a inclusão digital de pessoas pobres, sem condições de pagar um curso. Até sexta 15.12 achava que eu tinha sido incluída na era digital deste o primeiro curso, mais após esta leitura compreendi a real jogada e façanha que existe por trás da inclusão. Hoje me considero uma ex excluída não pelos cursos que já realizei, mais pela força de vontade através das práticas, errando e quebrando a cabeça e buscando aprender só com ajuda de artigos e livros que trazem altos conhecimentos sobre tudo e todos, o governo brasileiro sempre deixou transparecer que quando menos educação para o povo melhor para o governo. Este curso oferecido não valeu de nada e olhando criticamente só atrasou o meu lado, pois achava que estava aprendendo, que tava sendo incluída na sociedade e na era digital. 

Comentários

  1. Esse é o principal problema da chamada inclusão digital. Se prega a ideia de que fazer alguns cursinhos é suficiente para que as pessoas possam participar da sociedade em condições de igualdade, o que é uma falácia. Aprendizagens instrumentais não formam os sujeitos para compreender os processos, os interesses e os poderes que estão permeando as relações sociais.

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